O carro do futuro pode comprar e vender electricidade online
por Ana Suspiro, Publicado em 25 de Junho de 2009
Para já é um projecto-piloto, mas se houver uma revolução nos transportes Portugal quer estar à frente
Chega a casa, deixa o carro na garagem ligado à corrente eléctrica e à internet. A rede fica a recarregar o automóvel, que, ao mesmo tempo, está ligado ao site da bolsa de electricidade a acompanhar as cotações e a dar ordens de compra quando os preços estiverem baixos. No dia seguinte vai para o emprego com o carro carregado. Enquanto trabalha, deixa o automóvel ligado via internet ao mercado spot de electricidade e, se os preços subirem, pode vender à rede a electricidade comprada no dia anterior e ganhar dinheiro.
O cenário acima descrito parece saído de um filme de ficção científica, mas foi contado por António Vidigal, presidente da EDP Inovação durante o mediaDay (dia da imprensa) promovido pela eléctrica na terça-feira. A rede de abastecimento do carro eléctrico é um dos projectos de inovação da empresa, que passam também pelo desenvolvimento das chamadas redes inteligentes (smart grids), um conceito que, no essencial, associa a informática às tradicionais redes de transporte e distribuição eléctrica.
A ideia é apelativa, mas ainda poderá demorar pelo menos uma década tornar esta solução acessível em escala. Primeiro é necessário que os fabricantes automóveis cheguem a acordo quanto às especificações técnicas e normas tecnológicas para produzir em escala um carro eléctrico. E Portugal quer estar na linha da frente deste salto.
Depois será necessário adaptar a rede eléctrica e a forma como ela chega a casa das pessoas, o que passaria pela instalação de dispositivos de telecontagem que permitissem que a infra-estrutura funcionasse nos dois sentidos (bidireccional). A EDP e outras grandes eléctricas europeias vão estudar nos próximos seis anos o que será necessário fazer no sistema eléctrico para permitir a massificação da electrificação do transporte do futuro.
Por último, será ainda necessário fazer investimentos elevados, como admite António Vidigal. E estes terão sempre uma factura para os consumidores.
Apesar da incerteza, António Vidigal tem números sedutores: 80% dos trajectos diários de carro em cidade são inferiores a 30 quilómetros, compatíveis com a autonomia de um automóvel eléctrico. O custo com combustível a preços actuais será de 1,5 euros aos 100 quilómetros sem impostos.
Igualmente impressionante seria o impacto da conversão de todo o parque automóvel ligeiro (quatro milhões de veículos) para o modo eléctrico, onde há seis milhões de clientes. A factura energética diminuía 37% e as emissões de dióxido de carbono 11%. É claro que a procura de electricidade disparava 42% - uma boa notícia para a EDP e péssima para uma petrolífera como a Galp.
Projecto-piloto em Lisboa Mas o objectivo para já é menos ambicioso: desenvolver uma rede com um número limitado de carregadores de carros eléctricos. Neste momento estão instalados seis na cidade de Lisboa, mas a ideia é atingir uma estrutura pré-comercial com cem pontos de abastecimento para servir 150 veículos de oferta combinada (híbridos) para um público de frotas empresariais e utilizadores privados. Será distribuído um kit com chaves para entrega a utilizadores que poderão carregar gratuitamente os seus veículos durante seis meses.
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Mapa muito interessante...
Além de indicar quantos nascem e morrem no mundo a cada instante, indica a população de cada país, colocando o cursor em cima, e as emissões de co2. É notavel o movimento na China e na India.